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Leia o artigo de opinião do Dr. Andre Courel no Jornal Última Hora.

Se inicia o conclave: o que nós católicos não precisamos é de outro 'Rottweiler de Deus.


 O conclave está prestes a começar, e mais uma vez os cardeais se reunirão sob os afrescos da Capela Sistina para escolher o próximo líder da Igreja Católica. Em um mundo marcado por divisões, escândalos e uma crise de fé crescente, a pergunta que paira no ar é: que tipo de papa a Igreja precisa hoje?       


Nas últimas décadas, vimos pontífices de diferentes estilos – de João Paulo II, o carismático "atleta de Deus", a Bento XVI, o intelectual rigoroso apelidado de "Rottweiler de Deus" por sua firmeza doutrinal. O Papa Francisco trouxe um sopro revolucionário, dentro dos limites que a tradição católica permite – abrindo diálogos sobre pobreza, ecologia e misericórdia, desafiando estruturas de poder e mostrando um rosto mais humano da Igreja. Mas o século XXI exige mais: precisamos de um líder ainda mais corajoso, que combine o carisma de João Paulo II com a ousadia reformista de Francisco, alguém que não apenas adapte a Igreja aos novos tempos, mas que a conduza com audácia evangelizadora.     


Agora, em meio a desafios como a secularização, os abusos sexuais, a polarização dentro da própria Igreja e o clamor por reformas, será que precisamos de outro papa que governe com punho de ferro? Será que a Igreja resistiria a outro Ratzinger ou coisa pior? A imagem do "Rottweiler de Deus" pode agradar a alguns setores tradicionais, que veem na rigidez uma garantia contra as mudanças. Mas será que esse é o caminho para reconquistar os fiéis que se afastaram, os jovens que não se veem representados, ou as vítimas que ainda esperam por justiça?       


O mundo de hoje não precisa de um guardião intransigente de dogmas, mas de um pastor que saiba unir firmeza na fé com misericórdia, que escute antes de condenar, que dialogue em vez de apenas impor. Um papa que não tema a transparência, que enfrente os escândalos com coragem, mas que também saiba estender a mão aos marginalizados – sejam eles divorciados, LGBTQ+, pobres ou desiludidos.       


Nossa Igreja precisa crescer, e se seguirmos os passos de Cristo, com amor, compaixão, aceitação e não julgamento, com toda certeza cresceremos. O conclave não é apenas uma eleição; é um momento de discernimento sobre o futuro da Igreja. Se queremos uma fé viva, relevante e cheia de esperança, talvez o que menos precisemos seja de outro "Rottweiler". Precisamos, sim, de um líder que seja, acima de tudo, um reflexo do Cristo compassivo – aquele que desafiava as estruturas, mas nunca fechava a porta a quem buscava luz.       


Que o Espírito Santo ilumine os cardeais. E que o próximo papa não seja um cão de guarda dos dogmas que nos aprisionam no passado, mas um farol no caminho da iluminação espiritual que nos guie para o futuro.


 
 
 

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